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O avanço dos Planos de Saúde

Dezembro 2012
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O número de pessoas vinculadas aos planos de saúde atingiu 46,6 milhões no segundo trimestre de 2011, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Um crescimento de 7,6% em relação a 2010. É uma ótima notícia, pois indica a realização de um sonho por milhares de pessoas. De fato, segundo pesquisa do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, realizada pelo Datafolha, o plano de saúde é o segundo bem mais desejado pelos brasileiros que não possuem esse serviço, logo após a casa própria. Entretanto, o que deveria ser comemorado tem sido visto como fonte de problema. Alega-se que o número de beneficiários de planos de saúde cresce relativamente mais que o investimento em infraestrutura hospitalar. E a comparação com a abertura de novos leitos é frequente.

A preocupação é justa, mas a análise dos números merece cautela. Primeiro, a ANS contabiliza vínculos, e não indivíduos atendidos pelos planos de saúde. Ou seja, se uma mulher é dependente do marido no plano de saúde e passa a ter plano oferecido pelo seu trabalho, na ANS ela é contabilizada duas vezes. Essas pessoas não representam aumento de utilização do sistema. Em 2008, o IBGE contabilizou 38,3 milhões de beneficiários.

No mesmo ano, a ANS estimou 40,5 milhões de vínculos. Com o crescimento dos planos coletivos, esta dupla contagem pode ser ainda maior. Além disso, tem havido uma migração para planos privados, de beneficiários de planos de saúde públicos (como o IAMSPE e Iaserj), não regulados e contabilizados pela ANS, que já utilizavam a rede privada. Esse movimento faz crescer o número de vínculos, porém sem aumentar a utilização da rede hospitalar.

Outro fato que infla esta taxa de crescimento é a subnotificação. Nos primeiros anos que sucederam a criação da ANS, muitas operadoras não enviavam a quantidade de beneficiários que possuíam. Conforme os números foram sendo atualizados, houve aumento de vínculos apenas por registro, já que os beneficiários já existiam. Entendendo que o número de beneficiários no sistema de saúde suplementar não tem crescido tão expressivamente, vamos aos investimentos.

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de hospitais credenciados aos planos privados de saúde cresceu 9,7%, entre maio de 2010 e de 2011. Este crescimento parece suficiente, já que o avanço da medicina tem permitido reduzir o tempo de internação. Por exemplo, a cirurgia de retirada de vesícula por vídeo reduz em 50% o tempo médio de estada do paciente no hospital, o que permite aumentar o atendimento com a mesma estrutura. Assim acontece com vários outros procedimentos. Por fim, um dos principais sinais da necessidade de investimento é a taxa de utilização da capacidade instalada, a qual, no caso dos hospitais, tem se mantido constante: 78,7%, em 2010, contra 76%, em 2007. Ainda assim, a entidade que reúne os 43 maiores hospitais privados do país prevê um crescimento de 10% na rede hospitalar privada, em 2012. E o equilíbrio entre a demanda e oferta por leitos hoje é percebido pela satisfação dos beneficiários que precisaram ser internados: 90% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a agilidade para marcar a internação e com a qualidade do atendimento, segundo a mesma pesquisa IESS/Datafolha.

A saúde no Brasil é um desafio e a população quer e merece ser atendida com qualidade. Os investimentos são bem-vindos e virão, sempre que necessário, com novos hospitais. São Paulo é um exemplo disso.

 

Autor: Luiz Augusto Carneiro - Superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e professor doutor da Faculdade de Economia e Administração da USP.

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