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Nunca é tarde para começar

Setembro 2019
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“Estamos envelhecendo, mas não estamos envelhecendo bem.” Foi com essa frase que nosso superintendente executivo, José Cechin, abriu sua participação no debate “Saúde suplementar: consumo e sustentabilidade”, realizado pelo jornal Correio Braziliense ontem (25/09). O evento reuniu especialistas de mercado, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), dos Ministérios da Saúde e da Justiça, da FenaSaúde e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para analisar o sistema de saúde no Brasil e os desafios que se impõem, especialmente frente ao aumento da longevidade no País. 

Sobre essa questão, Cechin foi muito claro. “Até hoje, não temos sentido claramente o impacto do envelhecimento da população nas despesas do setor, mas, daqui para frente, essa conta será cada vez mais nítida”, alerta. “Estamos vivendo o fim do bônus demográfico no País e, na saúde suplementar, esse processo se dá de forma mais acelerada. Com o aumento proporcional de idosos frente ao total de jovens nos planos, teremos um aumento de despesas per capita de um ponto percentual ao ano nos próximos 40 anos. Pode até não parecer muito, mas representa em torno de 10% a mais no reajuste autorizado pela ANS para os planos individuais. Isso somado aos demais fatores que impulsionam a VCMH (Variação dos Custos Médico-Hospitalares), acende um sinal de alerta”, completa. 

Qual a solução? Para o coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Edgar Nunes Moraes, é necessário mudar o modelo da atenção. “O problema que precisamos resolver não é o idoso, mas o modelo de atendimento. Hoje, com o plano, o idoso tem um cheque em branco para escolher ir ao médico e fazer exames todos os dias, mas isso faz mal a saúde”, adverte. “Precisamos deixar o modelo hospitalocêntrico e focar na atenção primária. Tratar pessoas e não doenças”, completa. 

Essa também é a avaliação do ministro interino da Saúde, João Gabbardo dos Reis. “A atenção primária é a saída para a recuperação financeira do setor, tanto público quanto privado”, afirma. “Claro que também estamos tomando outras medidas para o SUS (Sistema Único de Saúde) que podem ter efeitos positivos se implementadas na saúde suplementar, como pagamento por pacotes e incorporação de medicamentos com cláusulas de risco compartilhado, em que só pagamos pelo resultado, mas o foco principal precisa ser a mudança do modelo de atenção com foco em promoção da saúde ao longo da vida do indivíduo e cuidados integrados, como os proporcionados pelas equipes de saúde da família”, pondera. 

De acordo com dados apresentados por Emmanuel Lacerda, gerente executivo da CNI, a mudança seria bem-vinda para alterar uma triste realidade: a cada grupo de 100 pessoas, o País perde 28,5 anos de produtividade em função de afastamento do trabalho por questões de saúde, absenteísmo e mesmo morte precoce.  

Contudo, além de alterações no atendimento assistencial, é preciso que cada indivíduo repense seus hábitos de vida. “Seu estado de saúde depende, majoritariamente, de você. De acordo com a literatura, entre os problemas de saúde que teremos ao longo da vida, 20% vêm da herança genética, 20% do ambiente onde você vive e 10% da tecnologia médica. O resto está relacionado aos hábitos de vida que cada pessoa escolhe manter, como praticar atividades físicas regularmente, alimentar-se adequadamente, abstendo-se de consumir produtos altamente industrializados, drogas e tabaco, fazer uso moderado de álcool etc.”, revela Cechin. O lado positivo, de acordo com o executivo, é que “nunca é tarde para começar a se cuidar”. 

O evento ainda tratou de questões importantes para o setor, como a agenda regulatória da ANS, a satisfação dos beneficiários com os planos e as perspectivas de crescimento do setor. Para saber mais, recomendamos a leitura do caderno especial do Correio Braziliense: 

  

Custo da saúde: hospitalização excessiva e falta de gestão aumentam valores 

Serviço de saúde público e privado não conversam entre si como deveriam 

Valor da saúde deve ser mensurado pelos resultados dos pacientes 

Planos de saúde não precisam cometer os erros do SUS, diz Gabbardo 

Identificação de tratamento ao idoso pela faixa etária é inadequada 

Deficiência na gestão em saúde gera prejuízo para governo e empresas 

Tecnologias e usuário desafiam sustentabilidade da saúde complementar 

 

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