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Excessos na saúde prejudicam paciente e sistema

Outubro 2017
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Divulgamos ontem o destaque na área de “Economia&Gestão” do 19º Boletim Científico que trata as consequências das repetidas e prolongadas hospitalizações de idosos no bem-estar do paciente e no sistema de saúde. Hoje, falaremos mais sobre o destaque da seção “Saúde&Tecnologia” da edição recente do boletim que também aborda um tema semelhante: os excessos na saúde.

O trabalho “Evidence for overuse of medical services around the world” (Evidência de uso excessivo de serviços médicos em todo o mundo) analisa os problemas e consequências destes excessos por meio de cinco revisões sistemáticas, pesquisa e revisão de literatura científica. O estudo aponta que o uso excessivo de serviços médicos é generalizado em todo o mundo e há fortes indícios de continuará a aumentar. Este abuso aparece para diversos setores e vão desde o uso de medicamentos até exames como ultrassonografia, endoscopia, colonoscopia e outros. Segundo o artigo, o consumo global de antibióticos cresceu 36% entre 2000 e 2010, principalmente nas economias emergentes como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul (que representaram 76% desse aumento). Só na Coréia do Sul, o abuso de realizações de ultrassonografia causou aumento de 15 vezes na incidência de câncer de tireoide. 

Só nos EUA, as estimativas mais conservadoras na medição direta de serviços individuais apontam que de 6% a 8% do total de gastos com cuidados de saúde são com cuidados desnecessários. Já os estudos de variação geográfica indicam que a proporção de gastos do Medicare (sistema de seguros de saúde gerido pelo governo para a população idosa) com o uso excessivo é mais próxima de 29%. Em 2013, US$ 270 bilhões em cuidados poderiam ser definidos como uso excessivo nos EUA. O trabalho aponta ainda que, em todo o mundo, o uso excessivo de serviços saúde pode responder por 89% dos atendimentos em todo o mundo.

Ou seja, além de gerar prejuízos e ameaçar a sustentabilidade dos setores de saúde, esses excessos podem causar danos e complicações aos pacientes (física, psicológica e financeiramente). Sendo assim, há um grande desafio pela frente: identificar e medir o uso excessivo com evidências sólidas para diferentes populações e serviços. Assim, existe uma necessidade clara de uma agenda de pesquisa para desenvolver essas evidências e, portanto, os médicos e os decisores políticos devem entender o uso excessivo e agir para reduzir isto.

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