XII Congresso Jurídico de Saúde Suplementar - Programação da Tarde

São Paulo, setembro de 2025 – A expectativa de vida no Brasil deve alcançar 77,8 anos até 2030, segundo projeções do IBGE, mas os anos vividos com saúde não acompanham essa evolução, ampliando a lacuna entre longevidade e vida saudável (também conhecida como lacuna healthspan-lifespan) – diferença entre o tempo total de vida e o período vivido sem doenças incapacitantes. Essa disparidade crescente coloca em risco a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro. O alerta faz parte do novo estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que mostra ainda que, no cenário global, essa lacuna já é de 9,6 anos e pode chegar a 16 anos até 2035.
Intitulado “Vivendo mais, mas com mais doenças: Análise da lacuna entre longevidade e vida saudável na saúde suplementar”, o trabalho integra a série Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035, um projeto desenvolvido pelo IESS e que conta com participação e contribuições de especialistas brasileiros do setor de saúde.
O levantamento revela que a obesidade, hoje responsável por quase 10% dos gastos da saúde suplementar, poderá atingir 46% dos beneficiários em 2030, consumindo mais da metade das despesas assistenciais. O custo médio por beneficiário, que era de R$ 2,2 mil em 2020, deve crescer para R$ 3,1 mil em 2030 – alta de 42% em uma década, muito acima do crescimento estimado do PIB per capita (7,7%). Por outro lado, intervenções preventivas poderiam gerar uma economia de até R$ 45 bilhões anuais até 2035.
Para o superintendente executivo do IESS, José Cechin, a economia da saúde suplementar dificilmente resistirá a uma prevalência crescente de obesidade sem que se mude o foco para prevenção e cuidado de longo prazo. “A conta simplesmente não fecha. Por isso, temos que adotar iniciativas imediatamente”, sugere.
O estudo indica que a sustentabilidade do setor depende de uma transformação estrutural baseada em quatro pilares: medicina preventiva, inovação tecnológica, cuidado baseado em valor e sustentabilidade sistêmica. Esses elementos incluem desde a incorporação de telessaúde e inteligência artificial até a reorganização dos ambientes urbanos e novas políticas regulatórias.
Cechin acrescenta: “O sistema precisa mudar de lógica, prevalecendo menos volume de procedimentos e mais resultados concretos para os pacientes”.
Entre 2008 e 2023, os beneficiários da saúde suplementar apresentaram tendências preocupantes: obesidade subiu de 12,5% para 21,9%; diabetes, de 5,8% para 9,8%; e hipertensão se manteve em 26,3%. Além disso, o excesso de peso já atinge 60,9% da população com plano de saúde. Apesar da queda do tabagismo (de 12,4% para 6,8%, no período), o sedentarismo permanece elevado e hábitos alimentares protetores, como o consumo de feijão, vêm diminuindo.
O estudo também chama atenção para as desigualdades: mulheres concentram 60% dos custos com obesidade e vivem mais anos com morbidade; diferenças regionais chegam a 6 anos de expectativa de vida saudável nas regiões Sul/Sudeste em relação a Norte/Nordeste – diferença também observada entre alguns bairros vizinhos de uma mesma cidade; e mulheres negras estão entre as mais vulneráveis a doenças crônicas e mortalidade materna.
Esses números revelam que o modelo vigente, centrado em episódios e medicina curativa, mostra-se inadequado para o perfil epidemiológico atual. O predomínio da remuneração por procedimento (fee-for-service) perpetua fragmentação e altos custos no manejo das doenças crônicas.
“Se o Brasil não fizer agora a transição para um modelo proativo e baseado em valor, prevenção e promoção de saúde, corremos o risco de repetir a trajetória de países onde a longevidade aumentou, mas a qualidade de vida não acompanhou – e o sistema passou a viver sob a ameaça de entrar em colapso financeiro”, pondera.
Sobre o IESS
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
Com profundo pesar, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) manifesta luto pelo falecimento do médico Manoel Antonio Peres, ex-diretor-presidente da Bradesco Saúde e que também presidiu o Conselho Diretor do IESS.
Reconhecido como um dos mais influentes e respeitados líderes da saúde suplementar, Manoel Peres marcou sua trajetória no IESS por uma gestão com foco na eficiência e segurança assistencial, sobretudo ao estimular a produção de estudos técnicos voltados para identificar as melhores práticas (nacionais e internacionais) da área e promover um amplo debate entre toda a cadeia de valor para a implementação de iniciativas de aperfeiçoamento do sistema de saúde brasileiro.
Deixa um legado de ética, respeito e dedicação, que o IESS se compromete a honrar e manter vivo.
São Paulo, agosto de 2025 – A cadeia produtiva da saúde no Brasil registrou um saldo positivo de 39,3 mil novos empregos formais entre fevereiro e maio deste ano, alcançando o total de 5,22 milhões de vínculos ativos no setor. O crescimento corresponde a 0,8% no período, em linha com o avanço registrado pela economia como um todo (alta de 1%). Os dados integram a edição 77 do Relatório do Emprego na Cadeia Produtiva da Saúde (RECS) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que se baseia em dados do Novo Caged, Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Economia e Portais de Transparência.
A íntegra do relatório está disponível em https://www.iess.org.br/sites/default/files/2025-08/RECS77.pdf e um dashboard interativo com dados detalhados pode ser acessado em https://public.tableau.com/app/profile/iess/viz/RelatriodeEmprego/RelatriodeEmprego?publish=yes
Há, segundo o relatório, um cenário de expansão do emprego na saúde impulsionado principalmente pelo setor privado, enquanto o setor público apresentou retração.
Segundo José Cechin, superintendente executivo do IESS, o setor de saúde tem demonstrado resiliência e capacidade de gerar emprego mesmo em um ambiente macroeconômico instável. “A dinâmica atual mostra que a cadeia privada tem sustentado o crescimento, enquanto o setor público enfrenta limitações", enfatiza.
Embora a Região Sudeste ainda concentre o maior número absoluto de vínculos (2,6 milhões), o Nordeste liderou o crescimento proporcional de empregos na saúde por habitante, com alta de 7,8% no comparativo de maio de 2025 ante o mesmo mês do ano passado. A região mantém mais de 1 milhão de vínculos formais, com significativa participação do setor público (26,5%).
Em um ano, Pernambuco registrou o maior crescimento de empregos na saúde no Nordeste do País, com alta de 15,7% em maio de 2025 ante o mesmo mês do ano passado, equivalendo a 29,5 mil novos postos. O estado conta com 217,4 mil postos na área de saúde, sendo 142,2 mil privados e 75,2 mil públicos.
Cabe destacar que o emprego na saúde em Pernambuco parece refletir o comportamento da economia estadual.
Dados recentes divulgados pela Secretaria de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional (Seplag-PE) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado fechou o quarto trimestre de 2024 com um crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período de 2023 e, no acumulado de 2024.
O segundo lugar em crescimento de emprego na saúde da região ficou com o Ceará, com alta de 14% no acumulado (correspondendo a 19,4 mil novas ocupações). Dos 158,4 mil profissionais que atuam na saúde cearense, 123,2 mil estão locados no sistema privado e 35,1 mil no público.
"O desempenho do Nordeste indica uma interiorização da oferta de serviços e da demanda por profissionais de saúde. Isso reflete tanto investimentos regionais quanto o avanço da formalização", analisa Cechin.
Outros destaques do RECS
· 5,2 milhões de vínculos formais na cadeia da saúde (pública e privada) em maio de 2025
· 18,2% dos vínculos são do setor público
· A saúde representa 10,8% do total de empregos formais da economia brasileira
· Retração de -4,5% no setor público no Norte em apenas três meses
No recorte da saúde suplementar, a expansão se mostra ainda mais robusta. Entre maio de 2024 e maio de 2025, a cadeia privada registrou saldo acumulado de 167,7 mil empregos, com destaque para os prestadores de serviços, responsáveis por 125,2 mil novas vagas, o equivalente a 75% do crescimento total do setor. Fornecedores registraram 37,5 mil novos empregos no mesmo período, enquanto operadoras de planos de saúde adicionaram cerca de 5 mil novos postos.
O Sudeste segue como polo de emprego na saúde, reforçando as diferenças regionais:
“Apesar das assimetrias regionais, a saúde segue sendo um dos maiores empregadores formais do país e tem papel estratégico na geração de renda e inclusão produtiva”, conclui Cechin.
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
Jander Ramon
São Paulo, agosto de 2025 – O Brasil registra 3,6 milhões de beneficiários com planos de saúde que integram cobertura médica e odontológica em um mesmo contrato, segundo levantamento inédito apresentado na Análise Especial da 108ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). A modalidade, que une diferentes tipos de assistência em uma única apólice ou contrato, representa uma alternativa com mais conveniência para o consumidor e maior potencial de fidelização pelas operadoras.
Os planos combinados representam também um caminho importante para a integração dos cuidados em saúde no setor suplementar. Ao reunir diferentes tipos de cobertura — ambulatorial, hospitalar e odontológica — em um mesmo contrato, esse modelo amplia o escopo de atendimento disponível ao beneficiário, facilita o acompanhamento preventivo e promove maior continuidade do cuidado.
O beneficiário passa a ter uma experiência assistencial médica e odontológica mais fluida, mais integrada entre as especialidades e serviços complementares. Isso contribui para um sistema mais eficiente dentro de um planejamento coordenado de cuidado.
Esse tipo de plano oferece também mais praticidade administrativa, tanto para empresas contratantes quanto para os próprios usuários, além de possível redução de custos por sinergia de coberturas.
A oferta integrada aparece com mais força no contexto de crescimento dos planos coletivos empresariais, fortemente relacionados ao desempenho do mercado de trabalho formal. De acordo com o Novo Caged, o país criou 1,6 milhão de novos empregos com carteira assinada entre junho de 2024 e junho de 2025, crescimento de 3,4%. No mesmo período, os planos médico-hospitalares do tipo coletivo empresarial registraram exatamente 1,6 milhão de novos vínculos, alta de 4,5%.
“Há uma correlação direta entre a formalização do trabalho e o acesso à saúde suplementar. Os planos combinados, embora ainda representem uma fatia minoritária, apontam para uma diversificação importante na forma como os serviços são ofertados e contratados e, para as empresas que concedem o benefício a seus colaboradores, uma clara demonstração de oferecer as melhores condições assistenciais em saúde”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.
A análise mostra que, entre os 52,9 milhões de beneficiários com planos médico-hospitalares ativos em junho de 2025:
Quando somados aos 34,4 milhões de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos, o país contabiliza 38 milhões de pessoas com algum tipo de cobertura odontológica ativa.
Outros destaques da NAB 108:
Estados com maior crescimento absoluto (jun/24 a jun/25):
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
Jander Ramon
São Paulo, agosto de 2025 – O Brasil caminha para que, em 2035, um terço da população adulta viva com obesidade, cenário que traria impactos bilionários para os sistemas público e suplementar de saúde. Mas este não é um destino inevitável. De acordo com estudo inédito do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), a implementação de estratégias integradas – que combinam políticas públicas, reorganização do cuidado e incentivos econômicos – pode reduzir em até 25% a prevalência projetada e frear o crescimento dos custos assistenciais.
A pesquisa, intitulada “Obesidade no Horizonte 2035: Desafios Sistêmicos e Perspectivas para o Brasil”, apresenta uma abordagem multidimensional para o enfrentamento da obesidade, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como pandemia global. No Brasil, a prevalência saltou de 12,2% em 2006 para 22,5% em 2020. Entre os beneficiários da saúde suplementar, o avanço foi de 55,8% em 14 anos.
No enfrentamento desse desafio, o estudo cita casos internacionais de sucesso, como a taxação de bebidas açucaradas no México, que reduziu o consumo em 7,6% em dois anos; o modelo britânico de serviços escalonados de gestão de peso, que ampliou a retenção de pacientes; e os centros especializados em obesidade infantil da Dinamarca, articulados com a atenção primária.
Medidas-chave recomendadas pelo estudo:
Atualmente, a obesidade custa ao Brasil mais de R$ 70 bilhões por ano, considerando despesas médicas e perdas de produtividade. Sem mudanças, a projeção é de aumento de 60% nos custos até 2035. “O combate à obesidade é não apenas um imperativo de saúde pública, mas também uma estratégia econômica inteligente. Prevenir e tratar de forma integrada significa economizar recursos e melhorar a qualidade de vida e a longevidade de milhões de brasileiros”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.
O estudo integra a série Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035, que reúne a visão de especialistas em economia da saúde, gestão hospitalar, promoção da saúde e profissionais especializados em políticas públicas para indicar as tendências da saúde na próxima década e propor soluções sustentáveis capazes de enfrentar os desafios projetados. O documento completo, bem como os demais trabalhos da série, está disponível em: www.iess.org.br.
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
Jander Ramon
O índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar do IESS – VCMH/IESS – expressa a variação do custo médico hospitalar per capita das operadoras de planos de saúde entre dois períodos consecutivos de 12 meses cada. Esse relatório compreende o período de doze meses encerrados em dezembro de 2024 relativamente aos doze meses encerrados em dezembro de 2023. Clique aqui e acesse a íntegra do relatório.
São Paulo, 23 de julho de 2025 – A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) no Brasil enfrenta falhas estruturais que comprometem a eficiência e a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar, a previsibilidade regulatória e o acesso equitativo às inovações. O novo trabalho do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), “Avaliação de Tecnologias em Saúde na Saúde Suplementar: Desafios e Oportunidades para o Sistema Brasileiro”, aponta relevantes desafios a serem superados para o aperfeiçoamento do sistema. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação.
O estudo tem coautoria de Nelson Teich, ex-ministro da Saúde, em parceria com Felipe Delpino, pesquisador do IESS, e integra a série “Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035”. A falta de integração entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde suplementar, ausência de critérios claros de custo-efetividade e de análise da capacidade econômica de absorção de uma nova tecnologia proposta e a baixa integração entre bases de dados públicas e privadas estão entre as principais adversidades do modelo atual.
Ao analisar modelos internacionais de ATS, como os adotados pelo Reino Unido (NICE) e Canadá (CADTH), o estudo salienta que essas experiências devem ser analisadas com cautela e adaptadas às especificidades do Brasil, que possui um sistema de saúde híbrido, profundamente desigual e com grande variação regional. Esse contexto também reforça a necessidade de avaliação cautelosa sobre a criação de uma agência única de ATS, que, embora potencialmente benéfica, pode ter riscos de centralização excessiva e perda de agilidade.
Por isso, o estudo propõe um modelo intermediário de coordenação técnica com autonomia decisória. Essa abordagem permitiria a padronização de critérios e o compartilhamento de evidências entre os setores, enquanto preservaria a flexibilidade necessária à saúde suplementar e ao SUS. A interoperabilidade entre os sistemas de informação seria um passo crucial nesse processo, permitindo maior eficiência nas análises e no monitoramento das tecnologias já incorporadas.
Outro ponto central da proposta é o uso estratégico de saúde digital – big data e inteligência artificial. Com registros eletrônicos integrados e algoritmos avançados de análise, seria possível identificar padrões de efetividade e segurança em tempo real, acelerar processos e reduzir riscos de decisões baseadas em evidências frágeis ou desatualizadas.
“A saúde digital pode ser a grande alavanca da transformação na ATS. Mas, sem um marco regulatório consistente e interoperável, continuaremos operando no escuro”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.
O estudo estima que a criação de uma agência nacional robusta de ATS demandaria investimentos entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, com custos operacionais anuais de até R$ 80 milhões. O modelo de financiamento sugerido é híbrido, envolvendo recursos públicos e privados, e inspirado em práticas adotadas na Austrália, no Canadá e na Alemanha.
O atual modelo brasileiro de ATS, criado há mais de 50 anos, tornou-se obsoleto diante das transformações tecnológicas, demográficas e epidemiológicas. A inexistência de uma política nacional coordenada e a baixa articulação entre Conitec (SUS) e ANS (saúde suplementar) resultam em avaliações duplicadas, decisões assimétricas e insegurança jurídica, tanto para operadoras quanto para pacientes.
Segundo o trabalho, um dos principais entraves é a ausência de critérios objetivos e transparentes para a incorporação de novas tecnologias, como limiares explícitos de custo-efetividade, impacto orçamentário e capacidade real de pagamento — ou de absorção dos custos pelo sistema. A falta desses parâmetros dificulta a tomada de decisão e agrava a judicialização. Além disso, o sistema atual ignora a necessidade de considerar a sustentabilidade financeira como condição central para a adoção de qualquer inovação. “A fragmentação atual da ATS no Brasil não é apenas um problema técnico, mas um entrave estratégico à sustentabilidade do sistema”, reforça Cechin.
Para ilustrar a gravidade do problema, o estudo destaca o impacto da judicialização motivada por temas relacionados à ATS. Estimativas do Ministério da Saúde indicam que, ao final de 2024, as ações judiciais contra o SUS envolvendo o uso de tecnologias — incluindo medicamentos — geravam um custo estimado de R$ 2 bilhões ao ano. Embora esse valor não inclua a saúde suplementar, ele dimensiona o peso econômico causado pela ausência de processos eficientes e previsíveis na incorporação tecnológica.
“É preciso que a incorporação de uma tecnologia leve em conta não só sua eficácia, mas a real capacidade de pagamento do sistema de saúde. Sem isso, estamos lidando com promessas que não cabem no orçamento e viram frustração para os pacientes”, afirma Cechin.
Sobre o IESS
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
Mais informações
LetraCerta Inteligência em Comunicação
Jander Ramon
O perfil etário da saúde suplementar está se transformando, com crescimento mais acentuado entre adultos de meia-idade e idosos, enquanto o número de beneficiários infantis diminui — movimento que expressa o processo de envelhecimento da população brasileira.
Dados da 107ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), mostram que, somadas, as faixas etárias a partir de 65 anos registraram um crescimento de aproximadamente 142 mil beneficiários em um ano, na base comparativa de maio de 2025 ante o mesmo mês do ano passado. Por outro lado, foi verificada uma redução de beneficiários nos primeiros anos de vida: entre os beneficiários de 0 a até 4 anos de idade, houve uma queda de cerca de 99 mil vínculos. Os resultados reforçam a tendência de envelhecimento da base da saúde suplementar.
Clique aqui e acesse a íntegra da NAB.
O maior crescimento em maio de 2025 ante maio de 2024 ocorreu nas faixas de 45 a 49 anos (7%, equivalendo a 274,9 mil vínculos), 60 a 64 anos (2,7%, ou 59,3 mil beneficiários), 75 a 79 anos (4,3%, alta de 43,9 mil vínculos) e 80 anos ou mais (2,9%, ou 40,1 mil pessoas). Em contrapartida, houve queda entre crianças: até 1 ano, redução de 4,2%, ou 23,7 mil vínculos; de 1 a 4 anos, a diminuição foi de 2,8%, equivalendo a 75,7 mil beneficiários.
Para o superintendente executivo do IESS, José Cechin, o comportamento das carteiras de beneficiários expressa a transformação demográfica em curso no Brasil. “É importante destacar que esse crescimento nas faixas etárias mais avançadas significa a combinação entre novos beneficiários e a migração etária dos próprios beneficiários dentro das carteiras ao longo do tempo”, explica. “A cada ano um conjunto de peoas muda de faixa etária. O aumento no número e na proporção de idosos (60 ou mais anos) se deve na maior parte ao conjunto de beneficiários que completou 60 anos. A esse conjunto deve-se somar as novas contratações por pessoas idosas e subtrair as que deixaram os planos (a maioria por falecimento). Tudo isso é o reflexo do aumento da longevidade e da permanência no sistema”, analisa Cechin.
Ele acrescenta que a mudança em curso exige atenção do sistema de saúde suplementar para se adequar às necessidades de atendimento e promoção de saúde desse perfil de beneficiários. E significa, também, a compreensão dos beneficiários sobre a responsabilidade de cuidar da saúde ao longo da vida, para avançar na idade com saúde e reduzir o período final de vida com incapacidades.
“Viver mais é uma vitória da humanidade e da ciência. Mas é fundamental que esse ganho em anos de vida venha acompanhado de saúde e autonomia, até o mais próximo possível do falecimento. Isso exige cuidar da saúde desde cedo, ao longo de toda a vida”, pondera.
O relatório do IESS indica que o setor manteve crescimento no número total de beneficiários. Em 12 meses, os planos médico-hospitalares somaram 52,6 milhões de vínculos em maio de 2025, alta de 2,2%, equivalente a 1,1 milhão de novos beneficiários em relação ao mesmo mês do ano anterior. Somente no último trimestre ante o anterior, o avanço foi de 1,1%, com acréscimo de 583,4 mil vínculos.
Esse desempenho foi impulsionado, principalmente, pelo aumento dos planos coletivos empresariais, que cresceram 4,2% no ano (1,6 milhão de beneficiários), atingindo 38,1 milhões de vínculos. Eles representam 72% do total de contratos médico-hospitalares e foram a única modalidade a apresentar crescimento consistente em praticamente todas as faixas etárias.
A expansão dessa modalidade acompanha o avanço do emprego formal no país. Segundo o Novo Caged, o Brasil gerou 1,6 milhão de postos de trabalho com carteira assinada entre maio de 2024 e maio de 2025 – alta de 3,5%, passando de 46,6 para 48,3 milhões de celetistas. Portanto, há uma correlação entre emprego formal e acesso à saúde suplementar.
Na contramão, os planos coletivos por adesão apresentaram queda de 4,4% em 12 meses, o que significa 269 mil vínculos a menos, passando de 6,1 milhões para 5,8 milhões de beneficiários. A retração foi generalizada e atingiu todas as faixas etárias.
Já os planos individuais ou familiares registraram retração de 1,6% no ano, o que representa perda de 143,7 mil vínculos, totalizando 8,6 milhões de beneficiários em maio de 2025. Nesse grupo, chama a atenção, novamente, o crescimento entre os idosos, com alta de 4,2% (cerca de 28,5 mil vínculos) para a faixa de 80 anos ou mais.
Segundo José Cechin, essa expansão entre os mais velhos em planos individuais também reflete uma movimentação de mercado, especialmente nas grandes cidades. “Temos observado um esforço comercial de operadoras que passaram a ofertar planos voltados à população idosa, sobretudo nas capitais. Trata-se de um nicho de mercado que está sendo atendido com maior intencionalidade”, observa.
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.
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