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Fevereiro 2021
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Em meio à pandemia de coronavírus que assola o mundo todo desde o fim de 2019, outro mal do século 21 tem atrapalhado ainda mais: as fake news (notícias falsas). Com o aumento da utilização de recursos tecnológicos em todos os campos da sociedade, a internet se tornou um meio de comunicação muito valioso – e também muito controverso.

A proliferação e abrangência de conteúdos incorretos ou mal intencionados se tornaram verdadeiros empecilhos, sobretudo em uma área tão delicada como a da saúde. Há, por exemplo, um grande temor entre as autoridades de saúde acerca da quantidade de pais que deixaram de vacinar os filhos por conta de boatos sobre falsos riscos causados pelos imunizantes. E esse movimento já tem mostrado a conta com crescimentos exponenciais no número de casos de sarampo e de poliomielite nos últimos anos, por exemplo. 

Sendo assim, cabe aos médicos darem o primeiro passo para combater as notícias falsas. Os pacientes continuarão a procurar aconselhamento médico na internet ou recebê-lo por meio dos aplicativos de troca de mensagens com amigos e familiares. O profissional de saúde, portanto, pode ter influência importante na tomada de decisões. Mais do que nunca, eles precisam saber falar com os pacientes sobre alegações imprecisas e oferecer informações corretas.

O portal Medscape falou com Dr. Brian Southwell, especialista em comunicação da ciência que oferece treinamentos para enfrentar este desafio na faculdade de medicina da Duke University. Ele lidera o programa "Medical Misinformation Guiding principles for partnering with patients", que tem como objetivo ajudar profissionais de saúde e pacientes a trabalhar em conjunto para identificar fontes de informação incorretas e construir um novo entendimento sobre a base de fontes baseadas em evidências.

O site elencou uma série de ações para os profissionais de saúde como ouvir o paciente sem interromper, nem julgar; convidar os pacientes a compartilharem o que pode estar afetando suas escolhas com uma pergunta aberta; oferecer orientações fundamentadas de como pensar as decisões, em vez de desacreditar fontes de informação específicas; mostrar interesse pelo paciente, criando conexão emocional; argumentar de forma correta, respeitando os valores de cada indivíduo; entre outros. 

Os profissionais de saúde também enfrentam desafios em caracterizar de forma confiável informações de saúde de alta e baixa qualidade. Dra. Isabella Ballalai, médica e vice-presidente da Sociedade Brasileira Imunizações (SBIm), lembrou que os profissionais de saúde também enfrentam desafios em caracterizar de forma confiável as informações que recebem. "Muito médico acredita em fake news. Nosso foco é formar profissionais e não é raro perceber dúvidas nos colegas, se perguntando se algo é verdade ou não. Mas os profissionais que nos preocupam são os que não nos perguntam e simplesmente acreditam. O médico precisa estar informado, saber se informar e ser orientado a identificar e não compartilhar fake news”, afirmou ao Medscape. 

Quer entender melhor como fazer sua parte para diminuir a desinformação? Acesse a publicação do Medscape na íntegra

Maio 2020
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Recentemente, o governo brasileiro tomou a decisão de prorrogar a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para maio de 2021. O Senado, no entanto, aprovou projeto para manter a validade anterior – agosto de 2020. A confusão é por conta da Medida Provisória 959/2020, que prorrogou a data do início da vigência da legislação por causa da pandemia de COVID-19. A MP ainda está na Câmara e, se aprovada, pode ser um entrave à decisão do Senado.

Essas decisões, em conjuntos com os desdobramentos da pandemia de Coronavírus, fizeram com o que se reacendesse o debate em torno do assunto. Isso porque, em meio à crise de Coronavírus, têm surgido questões que envolvem a privacidade dos dados e seu uso nesse momento.

Por diferentes motivos: utilização de geolocalização e outras ferramentas tecnológicas, como medidas para verificar a adesão ao isolamento social, vazamentos de testes de saúde ou de medicação utilizada por pessoas em evidência, entre outros. Portanto, os riscos à privacidade precisam ser seriamente avaliados.

Mais do que isso, as empresas e profissionais envolvidos na prestação de serviços de saúde precisam estar atentos às normas de proteção de dados pessoais já que são considerados sensíveis, demandam tratamento e cuidados especiais.

Com isso em mente, Sandra Franco, consultora jurídica especializada em direito médico e da saúde, escreveu um importante artigo no qual destaca a importância da privacidade dos dados em meio à pandemia e após. “Sem dúvida o interesse público em proteger a saúde da população em razão de uma grave pandemia deve ser considerado e os dados essenciais para o controle da contaminação precisam ser usados de forma pontual, para que não haja abusos na manipulação de dados”, aponta a especialista.

Para ela, é importante a implantação de soluções tecnológicas, mas o desafio também é educacional. As instituições devem buscar a correta criptografia dos dados de acordo com os padrões exigidos mundialmente, mas também preparar os colaboradores para lidar com essa nova realidade e tratamento dos dados.

Veja um pouco mais no artigo publicado HEALTHCARE Management

Novembro 2019
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Os tributos (impostos, taxas e contribuições) são uma preocupação constante do brasileiro. Certamente você já ouviu alguém se queixando ou você mesmo já reclamou do preço de um telefone celular ou outro aparelho eletrônico e como a tributação o torna tão mais caro. Há uma boa chance de você já ter notado isso em outros setores também. Da garrafa de vinho ao carro, a tributação compõe uma parte expressiva do custo de tudo o que compramos. 

Isso, é claro, além do peso que a tributação tem na renda das famílias. Todo ano, normalmente em meados de maio, lemos notícias sobre a quantidade de dias que trabalhamos apenas para pagar impostos. Em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), foram 153 dias. 

Mas e na saúde? Você já se perguntou qual o peso da carga tributária? 

É comum lembrar dos gastos com planos na época de declaração de imposto de renda – vale lembrar, um direito garantido em constituição, não uma benesse do governo, como já apontamos aqui e em diversos outros posts. Mas a carga tributária tem um elevado peso no setor e quase todo pago pela iniciativa privada. 

O recém-publicado estudo Realidade tributária da rede hospitalar brasileira, encomendado ao IBPT pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH), analisou a carga tributária da saúde entre 2014 e 2018 e revelou que a carga tributária na saúde é crescente, especialmente para a iniciativa privada. 

Em 2014, a arrecadação do setor foi de R$ 77,7 bilhões, o que equivale a 25,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da saúde naquele ano, de R$ 305,1 bilhões. Sendo que R$ 72,3 bilhões do montante arrecadado foram pagos por empresas privadas que atuam no setor. 

Já em 2018, a arrecadação chegou a R$ 103,7 bilhões, sendo R$ 98,6 bilhões provenientes da iniciativa privada. Como o PIB da saúde foi de R$ 378,5 bilhões no ano passado, a carga tributária equivale a 27,4%. Aumento de quase 2 pontos porcentuais (p.p.). 

Afinal, o que isso significa no dia a dia? De onde vem essa arrecadação? De diversos lugares. Os medicamentos que compramos nas farmácias ou são ministrados em prontos-socorros e hospitais têm uma carga tributária média de 33,9%. Do preço de um exame de raio x, 40,3% é composto por tributos. A cama hospitalar usada para tratar um paciente internado tem carga tributária de 42,8% e uma ambulância, de 35,6%. 

Claro que parte do que todas as esferas do governo arrecadam com essas práticas tem a importante função de custear o Sistema Único de Saúde (SUS), mas será que o modelo é realmente efetivo? Ao nosso ver, não. 

O excesso de tributação torna o acesso à saúde mais cara para todos. Não só para os que têm planos de saúde ou para os que almejam tê-lo – e, como já apontamos aqui, este é o 3° maior desejo do brasileiro –, uma vez que essa tributação efetivamente entra na conta do custo dos planos para determinar seu preço de comercialização, mas também para aqueles que contam com o SUS. E não apenas quando vamos a farmácia ou temos que pagar um exame do próprio bolso.  

Empresas privadas, inclusive as que prestam serviços ao SUS, também são confrontadas por essa realidade. Não à toa, de 2010 até maio de 2019, segundo o estudo do IBPT, 2,2 mil hospitais privados fecharam no Brasil. E não estamos falando de grandes hospitais. Em sua maioria, eram hospitais com até 50 leitos (69,9%) no interior dos estados (66,7%). Além disso, cerca de metade (49,2%) atendiam ao SUS. 

Uma perda para o setor e para as pessoas que contavam com essas instituições para cuidar de sua saúde, mas também para a economia do País como um todo. Já que além dos empregos do setor, esses fechamentos impactam a economia local e a redução de demanda para prestadores de serviços indiretos, como restaurantes, agentes de limpeza e outros. 

Acreditamos que o estudo encomendado pela FBH joga luz sobre uma importante questão para o futuro da saúde e do País. Precisamos debater a carga tributária e a adoção de programas que efetivamente proponham incentivos fiscais – como há em outros países, lembre – sob pena de estrangular o desenvolvimento nacional. 

Outubro 2019
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Mais de 11 anos de informações sobre o comportamento dos custos médico-hospitalares no Brasil, total de beneficiários, receitas e contraprestações e muitos outros dados do setor de saúde suplementar. Você encontra tudo isso e muito mais para consulta de forma rápida e prática, em gráficos interativos e tabelas para download no IESSdata

Quer alguns exemplos?  

Se você acompanha as notícias sobre o VCMH/IESS, já sabe que os custos assistenciais com terapias são os que têm apresentado o maior crescimento proporcional. A alta foi de 31,3% em 2018. Mas como se comportaram os outros itens que compõem o indicador? O painel VCMH no IESSdata pode responder essa questão rapidamente. 

  

IESS_IESSDATA_GRÁFICO 

  

Uma rápida batida de olhos no gráfico revela, por exemplo, que os custos com consultas estão ganhando cada vez mais relevância na composição das despesas assistenciais do setor, enquanto o aumento dos gastos com exames está desacelerando. Em 2017, os custos das consultas avançaram 8,8% enquanto com exames subiram 10,4%. Já no último ano, o comportamento foi o inverso, com os gastos com consultas subindo 12,3%. Mais, portanto, do que os 9,9% dos exames. 

Quer saber mais sobre despesas assistenciaisgasto per capita mensal de planos de assistência médico-hospitalarnúmeros de operadoras de planos de assistência médico-hospitalar ou mesmo dados econômicos como inflação e o total de empregos na saúde

Consulte o IESSdata. Nosso canal específico para apoiar pesquisadores e gestores do setor. 

 

Junho 2019
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“Conhecimento é poder.” Ainda que, ironicamente, não se saiba quem cunhou a frase comumente atribuída a Francis Bacon, um dos pais da ciência moderna, não há como refutar sua verdade. 

Aqui no Blog, costumamos apontar a necessidade de indicadores de qualidade publicados de forma transparente para poder avaliar e escolher os prestadores de serviço médico a quem confiaremos nossa saúde e, em última análise, nossas vidas e de nossos entes queridos. Mas a realidade é que a necessidade de conhecimento sobre os dados do setor começa muito antes disso. 

Quantos são os beneficiários de planos médico-hospitalares ou exclusivamente odontológicos? Qual o perfil dessa população (idade, gênero, hábitos de vida etc.)? Quais as patologias mais frequentes? Como a população nacional está envelhecendo? Essas são apenas algumas das perguntas fundamentais para o desenvolvimento de políticas e programas de promoção de saúde efetivos. 

Se formos pensar de forma um pouco mais ampla, também é possível relacionar o que está acontecendo na economia nacional e como isso afeta o setor de saúde suplementar. Como o período de queda do PIB e o saldo de emprego em cada região do país afetaram a evolução do número de beneficiários? A partir dessa ferramenta é possível visualizar informações de diferentes fontes, mas que os gestores do setor devem ficar atentos para assegurar a capacidade econômico-financeiro de suas empresas continuarem a prestar serviços de saúde com qualidade assistencial satisfatória às vidas em suas carteiras de beneficiários. 

E por que parar nos beneficiários ou gestores do setor? Essas e outras informações também são fundamentais para acadêmicos e pesquisadores repensarem os modelos atuais, detectarem pontos fortes e fracos e, mais importante, oportunidades de aprimoramento. 

É para ajudar a todos que procuram informações sobre o setor de saúde suplementar e a economia nacional que mantemos o IESSdata. Uma plataforma online que permite a consulta de alguns indicadores mencionados nesse texto e muito mais. Tudo de forma rápida e prática, com filtros para seleção das informações e disposição de dados em gráficos interativos ou tabelas, para facilitar ainda mais. 

Setembro 2018
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A regulação do setor de saúde suplementar é um tema que rende diferentes debates, análises e opiniões dos diversos meios. Esse ano, a Lei nº 9.656, do Planos de Saúde, completou 20 anos. A criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), veio dois anos depois, em 2000, para estruturar e consolidar o segmento. Por mais que o setor tenha se desenvolvido ao longo desse período, ainda há a necessidade de atualizações e adequações por parte do órgão regulador, criação de normas, instrumentos e outras medidas.

De grande importância, o assunto está sempre presente em nossas publicações aqui no blog ou ainda no estudos que divulgamos, como a série que fizemos sobre o trabalho “Qualidade Regulatória da Saúde Suplementar no Brasil”, desenvolvido pelo Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV (Fundação Getulio Vargas) ou ainda por meio de eventos e apresentações. Os posts abordaram a necessidade de atualização; o controverso sistema de reclamações e seus problemas para o setor; e possíveis melhorias quanto ao tema.   

Pela importância do tema, ele também foi destaque entre os vencedores do VII Prêmio IESS. O trabalho “Assimetria de informação a partir da regulação do mercado de saúde suplementar no Brasil: teoria e evidências” ficou com o 1° Lugar na categoria Economia. 

O trabalho é resultado da pesquisa realizada por Luís Carlos Moriconi de Melo para Mestrado na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tem como objetivo fazer uma análise da assimetria de informação no setor de saúde suplementar. Quando há assimetria de informação, os diferentes agentes de uma empresa ou setor não dispõem da mesma informação, quantitativa ou qualitativamente, representando uma falha de mercado. 

Confira, a seguir, nossa conversa com o autor do trabalho e a importância da premiação. Não deixe de se inscrever gratuitamente, até 15 de outubro.

A premiação é voltada para trabalhos de conclusão de curso de pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado) com foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. Veja o regulamento completo. Os dois melhores de cada categoria receberão prêmios de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, além de certificados, que serão entregues em cerimônia de premiação em dezembro deste ano. 

A edição desse ano conta com uma novidade. A cerimônia de entrega também terá espaço para exibição de pôsteres de trabalhos a nível de graduação e pós-graduação. Se o estudo – não necessariamente acadêmico – gerou um artigo, ele pode ser inscrito nessa categoria. No entanto, os pôsteres não concorrem aos prêmios.

 

Blog do IESS – Como foi elaborada a pesquisa vencedora?

Luís Carlos Moriconi de Melo - Minha pesquisa é uma avaliação econômica de quatro resoluções normativas da ANS, no contexto da teoria da informação assimétrica, através dos problemas de seleção adversa e risco moral. A pesquisa tem o intuito de verificar se essas normativas corroboram com um dos propósitos das agências reguladoras de reduzir as falhas de mercado.

 

Blog - Como surgiu o interesse pela premiação?

Melo - Meu trabalho iniciou com a pesquisa do meu mestrado e foi se desenvolvendo a partir da prática profissional. A ideia de compartilhar o trabalho iniciou com o estímulo do meu orientador. 

 

Blog - Em sua opinião, qual a importância do prêmio no incentivo à pesquisa nacional?

Melo - O incentivo do IESS desencadeia visibilidade e incentiva novas pesquisas, métodos e técnicas, agregando inovação a área da saúde e beneficiando a todos. Embora já conhecesse esta premiação, foi a primeira vez que participei. Importante enaltecer o trabalho do IESS de divulgar e provocar discussões para a melhora do mercado de saúde suplementar para torná-lo mais eficiente e produtivo.

 

Blog - E como foi a recepção do trabalho em sua área de atuação após a premiação?

Melo - A recepção foi muito boa, tanto no ambiente profissional, quanto no acadêmico, pois a dissertação buscou trazer contribuição tanto para o amadurecimento e crescimento sustentável do mercado de saúde suplementar no Brasil quanto para as políticas de regulação na área de saúde.

Agosto 2018
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“Frente a complexidade do sistema de saúde, adquirir maturidade para uso dos dados dos pacientes de forma eficiente é uma maratona”. O alerta de Daniel Greca, diretor de Healthcare da KPMG, em setembro de 2017, deu o tom do debate “Uso do Big Data e das informações para promover cuidados integrados” durante o Seminário IESS no Healthcare Innovation Show (HIS). 

Na ocasião, além de Greca, participaram do painel Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, Márcio Landi, diretor de Finanças e Inteligência de Mercado da Orizon, Vanderlei Leone, superintendente da Hapvida, e Fernanda Mussolino, diretora da Moka Info como você pode ver aqui.

Importante, portanto, conhecer ações nessa área que podem auxiliar na melhor tomada de decisão do profissional médico. Reportagem divulgada no Jornal O Globo nesse domingo (26/08), mostra iniciativa da professora Agma Traina, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação da USP de São Carlos, que lidera uma equipe de 25 pesquisadores responsáveis por digitalizar e organizar os dados médicos de mais de 1,6 milhão de pacientes de 24 hospitais públicos do Estado de São Paulo.

Segundo a publicação, essas informações vão para um software equipado com Inteligência Artificial (IA) para compor um banco de dados capaz de comparar os diferentes casos e fazer cruzamentos para auxiliar no correto diagnóstico e previsão da melhor estratégia de tratamento para o paciente. “O objetivo do programa não é fazer o diagnóstico no lugar do médico, mas oferecer uma segunda opinião”, contou a professora Agma Traina em entrevista ao jornal. “É como uma junta médica. Em lugar de outros profissionais, há um software”, comenta.

“O computador pode indicar que, para aquele caso específico, uma radioterapia vai funcionar melhor que uma quimioterapia. Trata-se de usar a inteligência artificial para tornar a medicina mais precisa”, aponta Paulo Azevedo Marques, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto que também faz parte do projeto. Num primeiro estágio, o programa conta com dados de doenças mais comuns nos hospitais parceiros, como câncer de pulmão, problemas de coluna e cardíacos. Essas informações auxiliam o médico a prever a evolução dos problemas ou ainda apontar se está diante de um tipo de câncer mais agressivo, por exemplo.

Falar sobre como a tecnologia e as diferentes relações no ambiente digital mudaram, continuam evoluindo e transformam os diferentes setores já não é novidade. A confidencialidade das informações é uma questão fundamental nesse processo. Por isso, aprovação da lei geral de proteção de dados em âmbito nacional é um importante passo para todo o sistema de saúde no país (veja mais informações aqui).

Maio 2018
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O setor de saúde e a sua cadeia de valor são extremamente complexos. Na teoria, pautam-se pelo princípio elementar de cuidar do ser humano e atuar baseado na ética. Entretanto, na prática, desenvolvem-se a partir das dinâmicas e dos interesses particulares de cada um dos agentes envolvidos nesse setor. 

Essa complexidade potencializa-se quando consideramos o acúmulo de dados já disponíveis e a explosão da quantidade de informação gerada, captada e disponibilizada em velocidade exponencialmente maior. 

Estamos falando de um volume de informações gerado por pesquisa e investigação científica, acervos técnicos, estruturas operacionais e administrativas, métodos cada vez mais sofisticados de intervenção clínica e todo um aparato regulatório local e global que tenta reger esse ecossistema. Há um vasto volume de informações que não necessariamente se materializa em conhecimento. 

Nesse cenário, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) atua como um think tank com o objetivo de gerar e divulgar conhecimento a respeito da cadeia de valor da saúde suplementar, perpassando por todos os atores envolvidos. 

Nossa missão é promover o conhecimento a respeito da saúde suplementar e, assim, subsidiar a tomada de decisão nesse setor. Para tanto, seguimos uma abordagem técnica/acadêmica baseada em princípios éticos e autonomia de pesquisa científica, dentro dos preceitos democráticos e universais: todo conhecimento produzido pelo IESS é tornado público e de acesso gratuito pela sociedade. 

Vivemos diariamente uma missão desafiadora. O mercado brasileiro de saúde suplementar se originou nos anos 1950, quando as empresas passavam a assumir a gestão de saúde de seus funcionários e os primeiros grupos de médicos se uniram para operar hospitais particulares e comercializar carnês aos moradores das proximidades das instalações, ofertando acesso aos serviços de saúde. 

Ao longo das décadas, assim como todo o conjunto da saúde, esse segmento cresceu de forma gigantesca e ganhou contornos superlativos. 

Quase um quarto da população brasileira é beneficiária da saúde suplementar. Para termos uma ordem de grandeza, em 2016, foram realizados 272,9 milhões de consultas médicas e 141,1 milhões de atendimentos ambulatoriais, segundo a publicação Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

Até atingir essa escala, o mercado passou por uma série de ajustes e tem vivenciado muitas mudanças regulatórias. Informação e conhecimento são, portanto, essenciais. Nessa jornada de promoção do conhecimento, no IESS, temos gerado informações de grande apoio ao mercado, como a parametrização da qualidade assistencial e a justa remuneração a partir da adoção de modelos modernos de pagamentos.

Nosso acervo apresenta também contribuições significativas: a apuração de indicadores, como o de Variação de Custo Médico-Hospitalar (VCMH), principal referência a balizar o comportamento de custos da saúde suplementar; o de nível de emprego da saúde e outras tantas iniciativas. 

Se hoje é de conhecimento público que o plano de saúde é o terceiro principal desejo do brasileiro, depois de educação e casa própria, é porque, ao longo dos anos, o IESS requisitou esses levantamentos a institutos de pesquisas renomados, caso do Datafolha e do Ibope. 

Outra frente de atenção está no incentivo à produção acadêmica. Em 2018, ingressaremos na 8ª edição do Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar, que laureia os principais trabalhos de pós-graduação ligados ao tema da saúde suplementar nas áreas de Direito, Economia e Promoção da Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. 

Concedemos, ainda, bolsas para pesquisa em parceria com a Fapesp para obter propostas inovadoras para garantir a sustentabilidade econômico-financeira e assistencial desse setor. 

O acervo produzido está disponível no portal. Há livros, vídeos, palestras, pesquisas e uma série de conteúdos de livre acesso. Também disponibilizamos um portal, o IESSdata no qual reunimos, de forma dinâmica e interativa, toda a nossa base de dados da saúde suplementar combinada com outros dados econômicos. 

Como dito, a complexidade desse setor, todo seu normativo e, principalmente, a relação intrínseca de cuidado com a vida humana exigem um esforço gigantesco para promover esse conhecimento em favor da sustentabilidade. Mais recentemente, temos dado mais ênfase em iniciativas para encorajar todos os agentes dessa cadeia de valor em prol da transparência. 

Só assim conseguiremos aferir, com precisão, a qualidade assistencial, como estamos em relação a outras nações e até onde poderemos chegar. Sem referências e transparência, será impossível termos bases concretas de comparação e esse é o caminho certo para premiar a qualidade e combater o desperdício. 

Nessa agenda, não temos pretensões totalitárias ou de querer impor uma visão. Muito pelo contrário. O IESS tem promovido uma série de fóruns e articulações para que médicos, operadoras, prestadores de serviços, poder público, academia e beneficiários avancem na construção de referências de técnicas que promovam a qualidade assistencial. 

Só com informação e conhecimento será possível promover o avanço e a continuidade da saúde suplementar no Brasil.

 

Luiz Augusto Carneiro

Superintendente executivo do IESS

Março 2018
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A regulação do setor de saúde suplementar é um tema que sempre rende diferentes análises e opiniões. Desde a criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no ano 2000, o setor passa por um processo de maior estruturação e consolidação, sendo necessário atualizações e adequações por parte do órgão regulador, criação de normas, instrumentos e outras medidas.

Quem nos acompanha sabe que falamos sobre este tema em diferentes momentos, como a série que fizemos sobre o trabalho “Qualidade Regulatória da Saúde Suplementar no Brasil”, desenvolvido pelo Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV (Fundação Getulio Vargas), a recente publicação do TD 68 - Regimes de Direção e de Liquidação Extrajudicial: uma análise a partir das Resoluções da ANS no período 2000-2017, ou ainda por meio de eventos e apresentações.

Pela importância do tema, ele também foi destaque entre os vencedores do VII Prêmio IESS. O trabalho “Assimetria de informação a partir da regulação do mercado de saúde suplementar no Brasil: teoria e evidências” ficou com o 1° Lugar na categoria Economia. 

O trabalho é resultado da pesquisa realizada por Luís Carlos Moriconi de Melo para Mestrado na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tem como objetivo fazer uma análise da assimetria de informação no setor de saúde suplementar. Quando há assimetria de informação, os diferentes agentes de uma empresa ou setor não dispõem da mesma informação, quantitativa ou qualitativamente, representando uma falha de mercado. 

O autor se utilizou de quatro resoluções normativas da ANS para evidenciar e explicar a presença da seleção adversa e risco moral, fenômenos característicos da presença de informação assimétrica. Segundo o trabalho, essas normatizações ocasionaram distorções e aventuram problemas entre os diferentes atores do mercado.

Questões como o atual modelo de pagamento, divisão de faixas etárias e reajustes dos planos também foram abordados no trabalho de Moriconi. Confira a dissertação na íntegra aqui.

Prêmio IESS tem foco em saúde suplementar nas áreas de Economia, Direito e Promoção de Saúde, Qualidade de Vida e Gestão em Saúde. Os dois melhores de cada categoria recebem prêmios e certificados.